sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ano do último Mundial, 2006 é um divisor de águas na seleção feminina

Fabi teve primeira convocação para o torneio; Natália fechou contrato com o Osasco; e Zé Roberto decidiu deixar o Brasil para ser técnico no exterior

A decisão do Mundial estava marcada para 16 de novembro de 2006. Do outro lado da quadra, a seleção brasileira via um adversário que trazia lembranças de um jogo perdido no último ponto. Dois anos antes, a Rússia havia eliminado o time de José Roberto Guimarães, após estar perdendo por 24 a 19 no quarto set. O 25° ponto daria a vaga na final olímpica de Atenas-2004. Mas ele não veio, e o tie-break trouxe a amarga sensação da derrota. O tempo passou, e as jogadoras entraram com o sentimento engasgado na quadra de Osaka. Lutaram até o fim. Novamente, não deu. Mais um triunfo das gigantes europeias, e o sonho do título mundial inédito bateu na trave.
volei - brasil medalha de prata mundial 2006
Agora, o ano é 2010. Uma nova edição começará daqui a oito dias. Para tentar levar a bandeira verde e amarela ao lugar mais alto do pódio em Tóquio, a seleção quer aprender com os erros cometidos no último campeonato, mas também lembrar que 2006 não foi um ano perdido. Recordações positivas de conquistas e acontecimentos que foram divisores de águas nas vidas do elenco foram citados como motivadores em busca da medalha dourada.
Na quadra, Fabi viveu uma disputa sadia com um de seus ídolos. Zé Roberto decidiu que era o momento de Arlene, dona absoluta da posição de líbero na seleção, passar o bastão para a novata. A carioca não esquece do dia em que soube que havia sido convocada para o seu primeiro Mundial.
- Foi um momento de mudança de ciclo. Não sabia se o Zé ia me escolher para o Mundial. Tinha a Arlene, que estava muito bem também. Quando saiu a escalação, estava jantando e não vi. Um amigo (Harry Bollmann, supervisor técnico do Rio de Janeiro) me ligou e me deu parabéns, mas assim que ele falou isso descarregou a bateria do meu celular. Fiquei desesperada (risos). Corri para outro telefone e perguntei: “Parabéns por quê?”. Aí, quando ele me disse, foi só alegria – contou a líbero.
volei - natalia no osasco
Enquanto Fabi comemorava mais uma conquista em sua carreira, uma menina de 16 anos dava o seu primeiro passo rumo à seleção. Em 2006, Natália foi descoberta e contratada para disputar a temporada pelo Osasco. O encontro com jogadoras que só assistia pela televisão ficou marcado.
- Lembro que foi a minha primeira Superliga. Quando olhei, estava ao lado de quem sempre admirei, como Paula, Valeskinha. Foi uma sensação de realização muito grande.
Antes em Campos (RJ), Natália precisou fazer apenas a ponte aérea. Já Zé Roberto atravessou um oceano. A temporada de 2006 foi sua primeira no comando de um time no exterior. O técnico trocou o Unisul pelo Pesaro, da Itália, e não se arrepende.
- Um ano muito importante na minha formação, sem dúvida. Foi ali que decidi que se eu queria aprender mais sobre vôlei, teria que sair do país. Conhecer novas culturas, jogadores, saber como é a prática do esporte lá fora. Cresci muito como profissional e pessoa.
Se contar com a superstição, a seleção está bem preparada para fazer um bom Mundial no Japão. Duas situações de 2006 se repetiram em 2010. Natália teve sucesso com o Osasco, ao conquistar o título da Superliga, e Zé Roberto mudou de país, se transferindo para o Fenerbahçe, da Turquia.

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